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Objectivos / Metodologia

Método Ward

O grande objectivo do Método Ward...

é facultar uma sólida preparação musical, artística e espiritual a todas as crianças.

 

Um dos princípios defendidos por J. Ward é que seja o professor titular a ministrar a pedagogia musical por considerar que é ele quem melhor pode fazer a ligação da Música com as outras matérias que ensina. Isto significa que J. Ward estava consciente da importância da interdisciplinaridade, tema tão debatido actualmente.

Uma das suas grandes preocupações foi simplificar ao máximo a técnica musical, libertando-a de tudo o que pudesse considerar-se artificial e abstracto no seu Método. Este é essencialmente prático e segue uma progressão lógica em qualquer das matérias musicais estudadas.

Partindo sempre do conhecido para o desconhecido relativo, um dos princípios metodológicos essenciais é motivar as crianças para a descoberta. Por outro lado, criam-se oportunidades para que as crianças desenvolvam o seu sentido crítico e estético. Todo o repertório, quer popular quer erudito, é analisado, encorajando-se as crianças para a descoberta e a expressarem as suas opiniões. Uma canção popular, uma melodia gregoriana, um coral de Bach, um tema de Mozart ou Beethoven, um pequeno cânone a duas ou três vozes, ou ainda uma composição colectiva criada pelas crianças na sala de aula, são excelentes oportunidades para a descoberta e vivência da música. A sensibilidade pedagógica do professor é constantemente posta à prova. "Um bom pedagogo", diz J. Ward no prefácio do livro do 1º Ano, "não resolverá nunca uma dificuldade substituindo-se à criança, sugerindo-lhe a resposta ou cantando o som que ela procura. O professor que caia nesta tentação, por fraqueza ou impaciência, dará à criança uma educação superficial".

Um dos aspectos mais interessantes e inovadores da Pedagogia Ward é a educação da voz da criança. É a própria criança que descobre a sua voz e a vai construindo com a ajuda do professor. A voz é assim o primeiro instrumento que as crianças aprendem a explorar através de um conjunto de jogos vocais progressivos, adequados às suas capacidades. O grande objectivo é conseguir que todas as crianças, sem excepção, aprendam a usar a voz, sem esforço, com beleza, e sintam prazer de cantar. Para a educação e expressão vocais utiliza-se uma eficaz metodologia que abrange o trabalho de terapia musical com as crianças "monótonas". Todos os vocalizos praticados, desde o 1º ao 4º Ano, estão estreitamente ligados com as matérias musicais trabalhadas em cada ano.

 

Para a educação do ouvido, intimamente ligada à educação da voz e da vista, são desenvolvidos jogos melódicos em que se utiliza o processo do Dó móvel (Altura relativa dos sons) e vários tipos de notação - gesto melódico, notação pelos dedos, notação numérica e notação na pauta. São ainda desenvolvidos jogos de adivinhas (ouvir e reproduzir, ou olhar , fixar e reproduzir vocalmente) através de processos pedagógicos extremamente simples que muito agradam às crianças.

 

O ritmo é vivenciado pelas crianças através da géstica, em que entra em acção todo o corpo. Utilizam-se dois processos diferentes:

a) - execução de gestos rítmicos (gesto I,II e III para o binário , ternário e quaternário simples e composto, começando em anacruse; gesto IV - para qualquer frase rítmica começando no primeiro tempo).

Estes gestos rítmicos são representados por curvas rítmicas contínuas que se desenham sobre a frase escrita e que podem ser executadas no espaço, pondo assim, todo o corpo em acção. Qualquer frase rítmica ou qualquer melodia podem ser executadas com o gesto rítmico respectivo.

O gesto rítmico, tal como é praticado na Pedagogia Ward tem a sua origem no conceito grego de movimento, ou seja, a "arsis" significa uma elevação, um impulso, e a "tesis" significa o repouso. Portanto, não se confunde com a métrica que obedece ao princípio rígido e repetitivo da contagem do tempo. Esta é feita através de b) - gestos métricos e linguagem métrica. Aqui apenas se utiliza o dedo indicador de uma mão percutindo na palma da outra mão. Este processo leva a criança a sentir a pulsação e a distinguir os valores longos dos valores curtos. A linguagem métrica permite-lhe escrever a frase rítmica enquanto a recita.

 

Outro aspecto cuidadosamente desenvolvido na Pedagogia Ward é a actividade criadora.

Para que as crianças possam desenvolver a sua imaginação há que facultar-lhes os meios e dar-lhes oportunidades para se expressarem livremente. Este importante trabalho é feito desde o 1º Ano. Logo nos primeiros dias realizam-se pequenas conversações musicais através de jogos de pergunta/resposta livres, sobre assuntos do quotidiano.

Estes jogos desenvolvem-se em várias fases e vão sendo progressivamente mais complexos. Pretende-se que as crianças utilizem livremente os elementos melódicos e rítmicos que pouco a pouco vão assimilando, de acordo com as suas capacidades e imaginação. Para isso são encorajadas a realizar pequenas improvisações rítmicas e melódico-rítmicas sempre a partir de elementos que já conhecem.

Para além da improvisação, as crianças têm também oportunidade de escrever pequenas composições em que utilizam a notação numérica e os esquemas rítmicos já trabalhados.

 

A partir do 2º Ano inicia-se a aprendizagem da técnica de musicar um texto (quadra popular ou inventada pelas crianças) com regras muito simples. No 3º e 4º Ano, este trabalho é aprofundado. As crianças passam a utilizar processos de composição muito simples, tais como a repetição, contraste, imitação, progressão e inversão melódicas. As composições são transcritas da notação numérica para a pauta e usam-se não só o maior e menor modernos , mas também os modos antigos. Os textos são criteriosamente seleccionados a partir de obras populares e eruditas, de poetas nacionais e também de poemas criados pelas crianças. Estas são incentivadas a improvisar para os textos dados.

 

A par da actividade criadora é trabalhado um vasto repertório musical que inclui o estudo de melodias sacras e profanas (canto gregoriano, corais de Bach, excertos de compositores clássicos e contemporâneos, canções populares tradicionais portuguesas e estrangeiras, pequenos cânones a duas e três vozes). Todo este repertório tem como objectivo ilustrar aspectos técnicos da música, mas acima de tudo proporcionar às crianças ,enriquecedoras experiências musicais de canto em grupo.

 

(Imagem: Salva Nos Domine, L.C. #107)

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